terça-feira, 27 de novembro de 2012

Lixo


Fico pasma como tem gente que adora aparecer, fico chocada com a capacidade das pessoas de colocar o interesse na frente de tudo. Mas descobri que não preciso brigar, falar o que penso, enfiar o dedo na cara, desejar o seu mal ou falar o quanto você é um cretino para todo mundo. Vou deixar a vida te ensinar. O que quero é que você vá para bem longe com sua felicidade falsa, seu coração vagabundo e sua inveja fantasiada de anjo. Pensei que conhecia muita coisa no mundo, mas vi que não: ainda não tinha conhecido uma pessoa tão baixa e ordinária como você. Vou confessar: sua maldade e poder de manipulação me assustam. Fiquei abismada com seu jeito dissimulado. E, ainda bem que você nunca me conheceu de verdade, afinal, me mostro para poucos. Fica com as suas verdades, seus rótulos, suas mentiras desbotadas. O mundo está vendo quem é você, quem foi está voltando. Quem se enganou está recobrando o juízo.

Minha consciência é tranquila e meu coração é limpo. Por isso, prefiro ficar afastada de gente que passa a perna nos próprios sentimentos. Que trai, que distorce, que fofoca. Tenho pena de quem vive um relacionamento mentindo, traindo e, principalmente, fingindo. Bom mesmo é ter sucesso e fazer contatos com as próprias pernas, sem precisar de estepe ou escada.

Tem gente que tem lixo por dentro. Tem muito coração cheinho de rato e barata por aí. Desses, quero ficar longe.

 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Honestidade


Me custa entender que nem tudo é branco ou preto e compreender que nem todo mundo vai agir do mesmo modo como eu agiria em certas situações. Me custa aceitar que exista algo além do certo ou errado, um meio termo ou uma desculpa de aceitação que o errado é normal. Me custa entender o cinza e um pouco das outras cores. Confesso publicamente meu defeito na esperança de que falando pro mundo alguém ouça e me dê uma direção, uma resposta e eu consiga me sentir mais leve, mais feliz. Porque eu não quero carregar comigo atitudes e defeitos de mais ninguém além dos meus próprios. Eu só peço um pouco de honestidade a quem quiser partilhar do meu caminho.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Chocolate


Ela é solteira. Não sozinha. Ela pinta as unhas de vermelho quando quer. Mas, também, sabe deixar as unhas em cacos quando dá vontade. Esbanja esquisitices ao falar dos seriados prediletos. E se cala quando o assunto é sobre o porquê dela não ter namorado.

 Ela toma chá quando o tempo é frio e quente também. E bebe cervejas em canecas, como homens pré-históricos. Ela ri de palavrões e de piadas de humor negro. Mas, também, se derrete mais do que picolé em frigideira quando recebe um SMS romântico de madrugada. Mas por que não namora?

 Ela acorda, escova os dentes de quem já usou aparelho, toma um café preto bem forte, se arruma e vai trabalhar. Prefere usar preto. Mas desbanca qualquer havaiana bonita quando inova em alguma vestimenta cheia de flores coloridas. Ela é linda e desconversa. Fala do tempo, do futebol, da novela, da mãe, da crise do Paraguai e de literatura. Mas por que tu não namoras?

 Quando o assunto é sexo, ela fala mais do que escuta. Escuta com os ouvidos, com os olhos, com a boca e com os pelos da coxa. Transa menos do que deseja. E sabe esconder alguma aspirante a Sônia Braga dentro daquele decote comportado. Ela curte Madonna, Djavan e Ira. E fala que eu tenho péssimo tom de voz. Lê Machado, Vinicius, Quintana e Fernando Pessoa. Mas diz que, também, gosta das minhas histórias.

 É estranha, também. Assumo. Corta o cabelo de acordo com as fases da lua e gosta de comer macarrão com maionese e feijão com queijo. Gosta de umas bandas que ninguém conhece e chora com as histórias do Nicholas Sparks. Liga o ar condicionado porque gosta de dormir sentindo frio e acaba repousando feito uma esquimó com meias e edredom. Uma linda esquimó, por sinal. Não sabe usar o celular. Costuma atender as ligações somente após a quarta tentativa de chamada. Não, ela não ignora. Ela perde tempo é procurando o celular na bolsa, debaixo da cama ou pia do banheiro. Mas, vez em quando, ela sabe ignorar também. Não sabe dançar. Recusa os convites, mas adora ser convidada. Odeia batom e gosta de brincos de grandes.


 Mas por que ninguém conseguiu ultrapassar esse muro de Berlim que você ergueu no teu peito? Ela desconversa. Ri de canto de boca e me pergunta se eu fumo tentando desviar o assunto pra longe. Eu insisto. Falo coisas demodês e jogo no ar o fato de que eu a acho perfeita. Ela empina o nariz, me lança aqueles olhos negros enormes e ajeita-se sobre a mesa. Muda o tom e me fala: “Porque eu não quero”. E eu rio sem graça da minha maldita ideia de achar que todo mundo quer ter alguém para dividir os chocolates.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Por que eu gosto tanto de crianças?


Muitas vezes rejeitamos as pessoas que estão em nossas vidas, não sabemos se as queremos ao nosso lado, desejamos estar com outras pessoas. O resultado dessas inquietações é que, quando nos preocupamos com o que queremos ou não de alguém ou com o que aprovamos ou não nessa pessoa, deixamos de ver sua bondade, sua astúcia, sua delicadeza, sua tristeza ou seja lá o que for que ela tenha a oferecer. Esses pensamentos impedem que aproveitemos o prazer de cada momento.  Crianças não esperam nada de nós, não nos rotulam, não nos julgam, aproveitam o que temos de melhor. Nos enxergam como seres de igual para igual, nos sorriem verdadeiramente, nos dão suas mãos quando precisam de nossa segurança, de nosso carinho.  Gosto de estar com crianças por que elas têm uma mente tranquila e uma mente tranquila vê o que está aqui. Uma mente ocupada vê o que não está aqui. Aquele que está presente é nada mais, nada menos, do que aquele que está presente. Portanto, você pode pensar o que quiser sobre as pessoas, mas saiba que isso não vai transformá-las.

Crianças não querem nos transformar, nos amam pela nossa presença, pelo carinho e atenção dedicados a elas.

Gosto de estar com crianças porque sinto seus corações puros, aquele que ainda não foi estragado pelo mundo. Aquele que ainda não rejeita, que não mente, que não desrespeita.

Com as crianças renovo meu eu, busco o prazer dos momentos, a falta de limites para sonhar. Sim, quando criança ninguém me dizia que não era possível, que eu não era capaz.

É com elas que relembro que preciso recuperar a magia da infância e fazer valer a crença de que confiando exclusivamente em mim, posso ultrapassar qualquer fronteira!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Hora da travessia


Os dias se passaram muito rápido, não planejei essa velocidade, muito menos essa intensidade de acontecimentos.

Planejei um ano tranquilo, sem paixões turbulentas, com viagens, com objetivos alcançados, planejei um ano de libertação, de grandes acontecimentos.

E, nada, do que planejei saiu como eu esperava, entretanto, não fico surpresa por isso, minha vida toda sempre foi regrada ao acaso, ao destino, a decisões tomadas em segundos, a vidas separadas em questão de dias, a dores que parecem mumificadas ao tempo.

Mas há uma decisão que estou postergando, deixando passar os segundos, os dias e os meses, só que agora chegou sua hora, chegou a data definitiva da escolha, ou vou ou fico.

Já pensei, já analisei, já revi mil vezes as consequências que isso irá causar, e sinto, sinto muito, mas não posso ser para sempre um pilar que sustenta uma família unida, não posso ficar ao lado de todos, nem mais viver a vida dos outros.

Preciso deixar que todos sigam seu caminho, inclusive eu, que abdiquei de meus sonhos para estar ao lado dos que amo. Fiz isso no momento oportuno, fiz isso quando a vida me exigiu responsabilidade sem eu saber o que era se quer ser adulta. Cresci, amadureci e evolui, agora, agora é hora de viver outra vida, de seguir meu caminho (o meu caminho).

Como diria Fernando Pessoa “há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”.

É hora da minha travessia, hora de retomar planos de acordar os sonhos adormecidos.

É hora da escolha, da decisão, da minha vida.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Namore uma garota que lê


Namore uma garota que gasta seu dinheiro em livros, em vez de roupas. Ela também tem problemas com o espaço do armário, mas é só porque tem livros demais. Namore uma garota que tem uma lista de livros que quer ler e que possui seu cartão de biblioteca desde os doze anos.

Encontre uma garota que lê. Você sabe que ela lê porque ela sempre vai ter um livro não lido na bolsa. Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria, a única que surta (ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer. Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo? Essa é a leitora. Nunca resiste a cheirar as páginas, especialmente quando ficaram amarelas.

Ela é a garota que lê enquanto espera em um Café na rua. Se você espiar sua xícara, verá que a espuma do leite ainda flutua por sobre a bebida, porque ela está absorta. Perdida em um mundo criado pelo autor. Sente-se. Se quiser ela pode vê-lo de relance, porque a maior parte das garotas que leem não gostam de ser interrompidas. Pergunte se ela está gostando do livro.

Compre para ela outra xícara de café.
Diga o que realmente pensa sobre o Murakami. Descubra se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entenda que, se ela diz que compreendeu o Ulisses de James Joyce, é só para parecer inteligente. Pergunte se ela de ser a Alice.

É fácil namorar uma garota que lê. Ofereça livros no aniversário dela, no Natal e em comemorações de namoro. Ofereça o dom das palavras na poesia, na música. Ofereça Neruda, Sexton Pound, cummings. Deixe que ela saiba que você entende que as palavras são amor. Entenda que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade mas, juro por Deus, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco como seu livro favorito. E se ela conseguir não será por sua causa.

É que ela tem que arriscar, de alguma forma.
Minta. Se ela compreender sintaxe, vai perceber a sua necessidade de mentir. Por trás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. E isto nunca será o fim do mundo.

Trate de desiludi-la. Porque uma garota que lê sabe que o fracasso leva sempre ao clímax. Essas garotas sabem que todas as coisas chegam ao fim. E que sempre se pode escrever uma continuação. E que você pode começar outra vez e de novo, e continuar a ser o herói. E que na vida é preciso haver um vilão ou dois.

Por que ter medo de tudo o que você não é? As garotas que leem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Exceto as da série Crepúsculo.

Se você encontrar uma garota que leia, é melhor mantê-la por perto. Quando encontrá-la acordada às duas da manhã, chorando e apertando um livro contra o peito, prepare uma xícara de chá e abrace-a. Você pode perdê-la por um par de horas, mas ela sempre vai voltar para você. E falará como se as personagens do livro fossem reais – até porque, durante algum tempo, são mesmo.

Você tem de se declarar a ela em um balão de ar quente. Ou durante um show de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Ou pelo Skype.

Você vai sorrir tanto que acabará por se perguntar por que é que o seu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Vocês escreverão a história das suas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos mais estranhos ainda. Ela vai apresentar os seus filhos ao Gato do Chapéu [Cat in the Hat] e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos de suas velhices, e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto você sacode a neve das botas.

Namore uma garota que lê porque você merece. Merece uma garota que pode te dar a vida mais colorida que você puder imaginar. Se você só puder oferecer-lhe monotonia, horas requentadas e propostas meia-boca, então estará melhor sozinho. Mas se quiser o mundo, e outros mundos além, namore uma garota que lê.

Ou, melhor ainda, namore uma garota que escreve.

— Texto original de Rosemary Urquico, traduzido e adaptado por Therllym Chalega.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Ainda lembro


Queria te encontrar, te olhar nos olhos e dizer que nada passou, que sinto saudade do riso, do carinho, do olhar no olho, daquelas gargalhadas que ecoavam pela casa. Saudade da alegria que se irradiava entre nós. Saudade de você me olhando. Saudade do que passou.
Não sei por que, não sei por que razão, mas a vida não se explica. Nada acontece como planejamos e todas aquelas frases clichês que todo mundo conhece e no fundo eu bem sei como a vida funciona. Sou prova viva de um destino, sou prova do destino de muita gente.

Encontrar quem nos faz feliz é fácil, aquele que achamos que seria o amor de nossas vidas, mas como ouvi dizer, quero ver convencer que somos o dele.
Não sei onde erramos, não sei por que tudo aconteceu tão rápido e tão negligenciado. Algo que seria lindo, você sabe que seria, não foi vivido com a intensidade que chegou, pela covardia de duas pessoas que tudo o que querem na vida é ser feliz, mas não querem em hipótese alguma passar perto de situações que lembrem nossos passados.

Eu queria te encontrar, mas não vou, eu queria saber de você, saber se você está bem, se está se cuidando bem, se precisa de mim, mas não posso.
Só posso esperar o tempo passar....só posso deixar a vida acontecer, com tudo de ruim ou de bom que ela vai me trazer...